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Publicações - Quatro Rodas nº 388 de novembro de 1992
Gurgel Supermini
(páginas: de 58 a 61)


Gurgel Supermini
Espécie em evolução

Fácil de manobrar, o menor carro brasileiro evolui mas ainda peca pela falta de conforto

Teste BOB SHARP * Fotos MARCELLO SACCO


Melhorou. Pelo menos em relação ao BR-800, fabricado entre dezembro de 1988 e janeiro de 1991, o Gurgel Supermini BR-SL representa uma grande evolução. Lançado em fevereiro deste ano, a nova versão do único carro fabricado pela única montadora genuinamente nacional ganhou mais 10 cm na distância entre eixos, o que ampliou seu espaço interno. Não perdeu, porém, a facilidade de manobra, pois continua sendo o menor veículo do país com 3,19 m de comprimento total.

Gurgel Supermini BR-SL
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Gurgel Supermini BR-SL

Também ficou mais fácil o acesso ao porta-malas com a adoção da terceira porta traseira. Antes, somente o vidro traseiro se abria. O anacrônico e simplório sistema de vidros corrediços na horizontal das janelas das portas foi substituído pelo sistema vertical, com manivela, sem quebra-vento. O painel de instrumentos, da mesma forma, recebeu um desenho mais moderno. O carro todo, aliás, ficou mais bonito.

Interior do Supermini
Interior do Supermini BR-SL

Único no mundo com essa configuração, o motor de 2 cilindros opostos na horizontal, com 800 cm3, refrigerado a água, desenvolve agora 36 cv a 5.500 rpm (anteriormente desenvolvia 32 cv a 5.000 rpm). Com torque de 6,6 kgfm a 2.500 rpm, uma rotação bem baixa. A Gurgel já havia criado para ele algumas boas soluções mecânicas. Entre elas, a bomba-d’água movimentada diretamente pelo comando de válvulas, independente da correia do alternador, e a ignição direta, sem distribuidor, com impulsos tomados do volante do motor. Mas esse exemplo mundial de elasticidade apresenta flutuação de válvulas (que não se fecham completamente quando atinge 5.800 rpm. Exige, assim, um certo cuidado do motorista que deseja extrair o máximo do pequeno motor.

Além desse ponto, a fábrica precisa reestudar a redução do diferencial. Para um veículo de vocação urbana, sua transmissão está na contramão da lógica. Extremamente longa, prejudica a aceleração e a retomada de velocidade. Afinal, atingir 100 km/h em terceira marcha é algo para motores de 1800 cm3 e cinco marchas. E para chegar a essa velocidade gastou 35 segundos, enquanto um Uno Mille, que tem a mesma relação peso/potência (na casa dos 17 kg/cv), precisa de 24 segundos. As retomadas, graças à elasticidade do motor, ficaram menos comprometidas. Em última marcha, fez de 40 a 100 km/h em 41 segundos, marca quase semelhante à do Mille, com 40 segundos.

Um diferencial mais reduzido e um câmbio com quinta marcha poderiam, ainda, contribuir para melhorar a velocidade máxima. A 4.400 rpm, portanto bem longe de sua potência total (5.500 rpm), não passou dos 111 km/h. E, se fossem amaciados os coxins, diminuiria a vibração do motor. A falta de todos esses componentes fez com que o ruído interno chegasse a elevados 73,5 decibéis. Também lhe falta servofreio, o que exige mais força no pedal. Mas o comportamento nas frenagens pode ser considerado razoável. A 80 km/h parou em 30,1 m e mostrou ligeira tendência a travamento das rodas dianteiras em frenagens mais fortes.

Até o grande apelo do fabricante (a economia de combustível) mostrou-se pouco expressivo: média de 13,68 km/l de gasolina. Do espaço no porta-malas (99 litros), que pode aumentar rebatendo-se os bancos traseiros, e a acomodação de passageiros, nem se podia esperar muito. O Supermini surpreende mesmo pela estabilidade. Rápido nas curvas, apesar dos pneus de seção 145 mm, gerou uma aceleração lateral de 0,79 g. No trânsito, então, nem se compara. Com a alavanca de câmbio (importado da Argentina) bem posicionada e de engate fácil, sua agilidade aumenta ainda mais. Se fosse mais barato e fizesse menos barulho, poderia se transformar no segundo carro de boa parte das famílias de classe média.


GURGEL
SUPERMINI
BR-SL

FABRICANTE
Gurgel Motores S.A.
Rodovia Washington Luiz, km 171
Telefone (0195) 24-9588
13502-900 Rio Claro, SP

MOTOR
Gasolina, dianteiro, longitudinal, dois cilindros horizontais opostos, alimentação por carburador de fluxo descendente.
Cilindrada 792 cm3
Diâmetro x curso 85,5 x 69,0 (mm)
Taxa de compressão 8,7:1
Potência 36 cv a 5.500 rpm
Torque 6,6 mkgf a 2.500 rpm

Motor do Supermini

CÂMBIO
Manual, traçao traseira, quatro marchas, com as seguintes relações:
3,65:1
2,14:1
1,37:1
1:1
Diferencial 4,1:1
Rotações a 100km/h em 4ª 4000

EQUIPAMENTOS
De série
Conta-giros, rádio FM/toca-fitas, quatro auto-falantes, antena de teto traseira, porta-objetos com tranca no console central, espelho direito, fárois com lâmpadas halógenas, lavador elétrico do pára-brisa, terceira luz de freio, repetidoras dos indicadores de direção no teto, calotas de roda abrangentes.

CARROCERIA
Sedã dois volumes, duas portas, monobloco, estrutura espacial em aço com perfil tubular e painéis modulares em plástico poliéster com reforço de fibra de vidro, dimensões externas com 3,19 m de comprimento, 1,50 m de largura, 1,46 m de altura (15 cm de altura do solo), 2 m de distância entre eixos, 1,28 de bitola dianteira e traseira.
Tanque 40 litros
Porta-malas 99 litros
Carga total 350 kg
Peso do carro testado 645 kg
Peso/potência 17,9kg/cv

SUSPENSÃO
Dianteira
Independente, braço inferior biarticulado, superior simples, mola helicoidal e amortecedor hidráulico concêntricos.
Traseira
Eixo rígido, 2 braços longitudinais tipo lâmina por lado com funçoes adicionais de locação transversal e de controle de rolagem, amortecedor hidráulico estrutural e mola helicoidal concêntricos.

FREIOS
Dianteiros
Disco sólido
Traseiros
Tambor autoajustável.
Circuitos dianteiro/traseiro

RODAS E PNEUS
Rodas aço, 4,5 x 13 pol
Pneus sem câmara, 145 R 13 S
Firestone S-211 no carro testado

PREÇO
Único Cr$ 53.539.795



logo quatrorodas
Velocidade máxima 111,6 km/h
0-100 km/h 35,25
0-400 metros 24s00
Aceleração lateral 0,79g
Frenagem 80-0 km/h 30,1 m
Consumo médio 13,65 km/litro

CONDIÇÕES DO TESTE
Temperatura 26°C
Velocidade do vento 1,5 m/s
Umidade relativa do ar 50%
Pressão atmosférica 1.017 mb
Altitude (Limeira) 660 m

ACELERAÇÃO
0 a 40 km/h 5s06
0 a 60 km/h 9s94
0 a 80 km/h 19s17
0 a 100 km/h 35s25
0 a 400 m 24s00
0 a 1.000 m 45s99

RETOMADA
40 a 60 km/h (em 4ª) 9s90
40 a 80 km/h (em 4ª) 21s26
40 a 100 km/h (em 4ª) 41s31
40 km/h - 1.000 m (em 4ª) 45s96

CONSUMO
Média 13,65 km/l
Na cidade 12,73 km/l
Na estrada, a 100 km/h
Carga total 14,41 km/l
Vazio 14,86 km/l
Velocidade constante
80 km/h (em 4ª) 18,78 km/l
100 km/h (em 4ª) 16,42 km/l

NÍVEL DE RUÍDO
Ponto morto 55,3 decibéis
80 km/h (em 4ª) 73,9 decibéis
100 km/h (em 4ª) 76,3 decibéis
Média 73,5 decibéis

FRENAGEM
Sem travamento das rodas
40-0 km/h 7,5 m
60-0 km/h 17,0 m
80-0 km/h 30,1 m
100-0 km/h 47,0 m
Em pânico (com travamento das rodas)
40-0 km/h 8,4 m
60-0 km/h 19,0 m
80-0 km/h 33,7 m
100-0 km/h 52,6 m

Notas


MERCADO
PREÇO Cr$ x 1 milhão
Supermini BR-SL 53,5
Chevette Junior 61,2
Uno Mille 63,5
Gol 1000 64,2

0-100 KM/H (segundos)
Chevette Junior 21,5
Gol 1000 24,6
Uno Mille 25,0
Supermini BR-SL 35,2

CONSUMO (km/l)
Supermini BR-SL 13,65
Uno Mille 12,36
Gol 1000 11,99
Chevette Junior 11,31

PORTA-MALAS (litros)
Chevette Junior 267
Uno Mille 224
Gol 1000 146
Supermini BR-SL 99


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